Irlanda e Irlanda do Norte: qual a diferença?

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Irlanda e Irlanda do Norte são a mesma coisa? Se você está à procura de um intercâmbio para aprender inglês na Europa, essa dúvida é bastante comum e pode surgir na sua cabeça. Mas calma! Neste texto nós te apresentamos um pouquinho sobre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte!

A Irlanda e a Irlanda do Norte são o mesmo país?

Mapa da ilha das Irlandas: a Irlanda é uma república independente e a Irlanda do Norte é um país parte do Reino Unido

Sendo breve: não! A Irlanda e a Irlanda do Norte não são o mesmo país, apesar de dividirem a mesma ilha.

A República da Irlanda, que é o nome oficial do país conhecido apenas por Irlanda, é um Estado independente, com suas próprias leis, forma de governo - uma república - e que faz parte da União Europeia.

Já a Irlanda do Norte, por sua vez, é um Estado que faz parte do Reino Unido. Um país assim como a Inglaterra, País de Gales e Escócia. Por este motivo, a Irlanda do Norte está sujeita às leis da monarquia e governo britânico, do Primeiro-Ministro Britânico e ao reinado de Elizabeth II.

Mas não é tão simples assim!

Igreja de São Patrício em Belfast

Por muito tempo, as duas Irlandas formaram vários reinos com uma única identidade. Mas muitos fatores influenciaram na história dos dois países. Mas dois principais se destacam.

O primeiro fator que você precisa entender é o religioso. A Ilha da Irlanda era um território predominantemente católico desde meados do século cinco, quando São Patrício catequizou a ilha. Este foi um momento tão importante para os dois países que São Patrício se tornou um dos principais símbolos locais.

O segundo fator é a colonização britânica. Em meados do século dezesseis, os britânicos queriam expandir seu domínio. A Guerra dos Nove Anos fez com que a coroa inglesa confiscasse terras na região do Ulster e iniciasse uma colônia inglesa por ali.

Foi com a colonização britânica que surgiu um outro fator fundamental até os dias de hoje: a diferença religiosa. Enquanto os irlandeses já eram católicos há pelo menos dez séculos, os britânicos haviam acabado de se tornar protestantes/anglicanos e, por isso, também buscavam a conversão dos católicos irlandeses.

O domínio britânico

As diferenças entre os irlandeses (católicos) e os colonizadores britânicos (anglicanos/protestantes) se acentuou fortemente ao longo do tempo. Os protestantes pregavam a discriminação contra os católicos e isso acabou atingindo a população politicamente.

Os colonos protestantes se tornaram a classe dominante na Irlanda e o poderio político ficou, por muitos anos,em suas mãos. Quem não se converteu ao anglicanismo, acabou segregado política e socialmente. Vale lembrar que até no final do século 17, cerca de 85% da população irlandesa era de católicos.

Em 1801, com a força da política anglicana no então Reino da Irlanda, a Grã-Bretanha dissolve o parlamento irlandês e anexa o país.

É claro que esse movimento não foi pacífico. Com os ataques dos protestantes, a população irlandesa criou um sentimento nacionalista muito forte. A Grande Fome do século XIX acentuou ainda mais a diferença, o preconceito e o sectarismo entre os dois povos.

A I Guerra Mundial e a Batalha de Páscoa

Centro de Dublin (atual O'Connel Street) destruído após a Batalha de Páscoa. Keogh Brothers Ltd., photographers [1], No restrictions, via Wikimedia Commons

O contexto da Primeira Guerra, aliado às diferenças entre ambos povos e ao histórico da Grande Fome, fez com que o sentimento nacionalista irlandês - que por muito tempo ficou adormecido - ressurgisse ainda mais forte.

Durante seis dias em abril de 1916, os irlandeses pegaram em armas e lutaram contra o domínio britânico no Levante de Páscoa. O centro de Dublin ficou em ruínas pelos bombardeios e incêndios.

A Batalha de Páscoa foi um dos momentos mais marcantes para a história das Irlandas, uma vez que trouxe à tona o sentimento separatista e o republicanismo na política irlandesa.

A Guerra da Independência

Prefeitura de Belfast

Nas eleições de 1918, como um reflexo dos últimos anos na Irlanda, o partido pró-independência conquistou a grande maioria dos assentos do parlamento irlandês. Neste momento, os membros eleitos boicotaram o Parlamento Britânico e fundaram o Parlamento Irlandês, declarando uma república que cobrisse toda a Ilha.

Naturalmente, o poder britânico baniu o Parlamento Irlandês, o que trouxe um novo conflito armado entre o Exército Republicano Irlandês (IRA) e as forças britânicas. Este conflito se transformou na Guerra da Independência da Irlanda, o qual durou dois anos.

Na região do Ulster, a maioria política e da população era de origem protestante e contra a separação do Reino Unido. Já o restante da população da Irlanda era católica e a favor.

Em 1920, o Governo Britânico apresentou um projeto de lei para criar dois governos distintos: um em seis condados ao norte, que se transformou na Irlanda do Norte, e outro governo para os condados restantes, que se transformou na então Irlanda do Sul.

O pós-Guerra da Independência

Litoral da Irlanda do Norte

A aprovação da lei não deixou nem o Norte, nem o Sul completamente contentes. Nos condados do Norte foi constituído um governo autônomo. Entre 1920 e 1922, a capital Belfast viveu um período de grande violência entre civis católicos - que eram a favor da separação completa da Ilha, e civis protestantes - que não eram a favor da separação.

Já a Irlanda do Sul nunca existiu além dos atos da lei. O parlamento previsto pela proposta britânica foi boicotado pela grande maioria dos parlamentares, nunca chegando a se reunir formalmente.

O que se formou, oficialmente, nos condados do Sul, foi a República Irlandesa, que basicamente coexistiu com a Irlanda do Sul até o ano de 1922, quando foi criado o Estado Livre da Irlanda. O Estado Livre da Irlanda, por sua vez, existiu até 1937, quando a atual República da Irlanda se separou completamente do Reino Unido e promulgou uma nova constituição.

Os conflitos na Irlanda do Norte

Após a promulgação da República da Irlanda, este país tornou-se um lugar relativamente pacífico. Entretanto, na Irlanda do Norte, a segregação continuou muito proeminente, trazendo um período de grande violência nos primeiros anos de autonomia da região.

Home Rule e os primeiros anos da Irlanda do Norte

A Independência da República da Irlanda e a criação de uma região autônoma no norte trouxe um período de grande violência nesta região. O IRA era contra a divisão da Irlanda e estava determinado a transformar a Irlanda do Norte como parte da República do Sul. O Exército Republicano Irlandês promoveu uma série de ataques em diversas cidades da Irlanda do Norte.

Os primeiros anos do Home Rule foram marcados por esta violência generalizada. Este foi, em grande parte, um dos períodos mais violentos, especialmente na capital Belfast. Entre julho de 1920 e julho de 1922, 636 pessoas foram mortas nos ataques na Irlanda do Norte, a maior parte ocorreu em Belfast e em populações católicas.

A política segregacionista entre católicos e protestantes prosseguiu ao longo do tempo na Irlanda do Norte. A sociedade católica se viu excluída fisicamente, quando foram traçados limites nos distritos para concentrar o maior número de católicos em um determinado espaço, marginalizando-os.

Além disso, os católicos foram discriminados em empregos de diversos setores da economia, principalmente no setor público. Muitos emigraram para a República da Irlanda buscando emprego, mais segurança e melhores condições de vida.

The Troubles na Irlanda do Norte

Trecho de um muro em Belfast. Os grafites com protestos políticos são comuns em boa parte da cidade.

A discriminação de católicos aumentava cada vez mais na Irlanda do Norte. Em meados de 1960, houve o início de uma grande campanha pacífica por direitos civis na Irlanda do Norte.

Essa campanha lutava, dentre muitas proposições, pelo fim da discriminação nos empregos, na alocação de moradia e pelo fim das fronteiras eleitorais, que sigificava que os nacionalistas irlandeses tinham menos poder de voto do que os unionistas (a favor da união entre Irlanda e Reino Unido).

Os protestos pelos direitos civis foram contestados por muitas pessoas, levando a um grande distúrbio em 1969, quando tropas britânicas foram enviadas à Irlanda do Norte.

Este episódio marcou um período chamado de The Troubles - os problemas, que durou até 1998 e envolveu tropas paramilitares de ambos lados. Ao longo desses trinta anos, a Irlanda do Norte viveu o seu período mais violento.

Grupos armados de ambos lados promoviam ataques a construções, civis e órgãos políticos. A cidade de Belfast se viu em um cenário de guerra em muitos destes anos. Em 1972 mais de 500 pessoas perderam a vida por causa do conflito na Irlanda do Norte.

O Domingo Sangrento

O Domingo Sangrento - Bloody Sunday, em janeiro de 1972, foi um dos episódios mais marcantes ao longo de todo o conflito na Irlanda do Norte. Durante uma marcha pacífica de manifestantes católicos, soldados ingleses fizeram disparos contra a multidão de ativistas.

Quatorze ativistas católicos foram mortos e outros 26 ficaram feridos. Das 14 vítimas, seis eram menores de idade e o sétimo faleceu meses depois em decorrência dos ferimentos. Todas as vítimas estavam desarmadas.

Os manifestantes eram contra a política do governo britânico de prender pessoas suspeitas de terrorismo sem o devido julgamento, além de serem contra das desigualdades religiosas por toda a Irlanda do Norte.

O episódio de Bloody Sunday intensificou ainda mais as diferenças entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte, aumentando o ressentimento de católicos contra o Reino Unido, além de fortalecer a presença do Exército Republicano Irlandês na Irlanda do Norte.

A banda irlandesa U2 fez uma música em referência ao episódio, chamada de Sunday Bloody Sunday. A canção descreve todo o horror sentido naquele momento de conflitos na Irlanda do Norte.

Fim dos conflitos e o Acordo de Sexta-feira Santa

Até a década de 1990, aconteceram diversos ataques, conflitos e violência de todas as partes envolvidas no conflito da Irlanda do Norte. Mas no início dos anos 1990, o grupo armado que mais instigava a violência, o IRA, anunciou uma trégua.

Após esta trégua, ambos lados começaram a discutir maneiras de resolver os problemas na Irlanda do Norte. Em 1998, os chefes de Estado do Reino Unido, da República da Irlanda e a maioria dos partidos políticos da Irlanda do Norte firmaram um acordo para resolver os conflitos entre os nacionalistas e os unionistas na Irlanda do Norte.

Este acordo ficou conhecido como Acordo de Sexta-feira Santa ou, também, Acordo de Belfast. O acordo estabeleceu uma série de disposições relativas à relação entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, entre a República da Irlanda e o Reino Unido, além de dispor em relação ao status e sistema de governo da Irlanda do Norte.

O Acordo de Sexta-feira Santa foi a primeira vez que o governo da República da Irlanda aceitou um acordo internacional vinculativo que reconhece que a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido.

Além disso, o acordo deu ao povo norte-irlandês o direito de se identificar e se aceitar como irlandês, britânico ou ambos, caso desejasse. Também foi acordado que a decisão da Irlanda do Norte permanecer parte do Reino Unido ou parte de uma Irlanda unida não deveria ser feita sem o consentimento da maioria a partir de um referendo a qualquer momento.

Como é a relação entre a Irlanda e Irlanda do Norte nos dias de hoje?

Cidade de Cobh na República da Irlanda

A relação entre os dois países segue o Acordo de Belfast desde que foram assinados. Os países e a população mantiveram uma boa relação até agora. O ponto que mais preocupa foi trazido à tona recentemente, quando houve o Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia), em que houve uma grande divergência sobre como se daria as fronteiras entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

Ambos países têm uma relação amistosa hoje em dia. É claro que muitas feridas ainda permanecem nos corações de irlandeses e norte-irlandeses, mas a população, em geral, se mostra muito favorável à paz entre ambos países.

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Dublin Limerick Cork Bundoran
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